A mordaz aurora corpuscular no seio da discussão elevou ao seu auge o tom dos uivos do locutor que por sua vez se ausentou assim que a sua presença deixou de se sentir... A morte fez o seu trabalho, já nada nem ninguém o poderá ajudar. As palavras estão escritas e os actos executados. Resta aguardar agora pela hora da redenção.

6:11

6:11 É a segunda noite de insónia que se segue. Levanto-me em tronco nu até à cozinha deixando-a na cama. Abro o frigorífico e tiro uma cerveja. Encontro o maço de tabaco em cima da mesa e puxo por um cigarro. Acendo-o. Recosto-me no cadeirão a saborear os dois vícios. Esfrego os olhos cansados de estarem abertos e a cabeça de não parar de pensar. Tento não pensar em nada. Deixar tudo branco. Levanto-me e deambulo pelo espaço à procura de algo que me devolva esta ausência de sono. Procuro abstrair-me do que me perturba, em vão. Acabo o cigarro. Esqueço a cerveja em algum lado. Dou por mim de volta ao quarto. Sento-me na cama que já sofre com a minha falta. ‘Não consegues dormir?’, não respondo. Volto a deitar-me. Cubro-me com o lençol que anteriormente me tapava. Fico virado de barriga para cima a olhar para o escuro… Olho para o lado.
6:57 Continuo acordado.

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