A mordaz aurora corpuscular no seio da discussão elevou ao seu auge o tom dos uivos do locutor que por sua vez se ausentou assim que a sua presença deixou de se sentir... A morte fez o seu trabalho, já nada nem ninguém o poderá ajudar. As palavras estão escritas e os actos executados. Resta aguardar agora pela hora da redenção.

Momentos

Chegaste ao meu estúdio e entraste sem pedires. Sinto o teu cheiro no ar. Suave e doce. Passas a tua leve mão pelo meu cabelo para mostrares a tua presença. Sorrio sem saberes. Segues para a janela e puxas por um cigarro. Está calor lá fora e sente-se uma ligeira brisa. Ficas de olho em mim enquanto trabalho. Acendes o cigarro e guardas os fósforos na tua bolsa. Vais fumando com tempo o teu cigarro. Olhas lá para fora, algo te despertou o interesse. Queres vir ter comigo e dizer-me algo mas hesitas. Voltas atrás no teu pensamento. Volta o cigarro à tua boca. Continuo o meu trabalho. Finjo não te ligar. Começas por ficar impaciente e noto isso sempre que mordes o lábio inferior. Levanto-me. Surpreendeste. Tentas dissimular. Vou ter contigo e beijo-te. O coração bate. E eu sinto-o, como tu. Olho para ti e sorrio. Acaricio-te. Volto a sentar-me. Terminas o cigarro. Dás a última olhadela pela janela. Sorris. Voltas-te para a saída e segues. Passas de novo por mim passando a tua leve mão pelo meu cabelo e sais. Eu olho para a porta e sinto a tua falta.

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