A mordaz aurora corpuscular no seio da discussão elevou ao seu auge o tom dos uivos do locutor que por sua vez se ausentou assim que a sua presença deixou de se sentir... A morte fez o seu trabalho, já nada nem ninguém o poderá ajudar. As palavras estão escritas e os actos executados. Resta aguardar agora pela hora da redenção.

Entro no nosso café e sento-me bem junto à grande vitrina

Entro no nosso café e sento-me bem junto à grande vitrina, onde passamos algumas tardes na conversa e a beber uma cerveja. Deparo-me a fitar um casal que aparece da esquina. Param e ficam a olhar de frente. Ele está a dizer-lhe algo que não parece muito bem aos ouvidos dela. Ela está triste. Muito triste. Reparo que está naquele ponto que vai começar a chorar. Gosto de ver uma mulher chorar. Acho sensual não ligo ao facto do seu sentimento, simplesmente gosto. Ela puxa por algo do seu bolso, um lenço. Começa a chorar e limpa as lágrimas que lhe lavam os olhos das coisas que ouve. Ele continua a falar, não se cala, mesmo vendo o que ela sofre com aquelas palavras que não se deviam dizer nunca, nem ali, nem assim. Ele deixa-a. Ela fica. Está devastada, não acredita no que aconteceu e senta-se no banco de madeira que está mesmo ao seu lado. Inclina-se e continua no seu desgosto, na sua penúria.

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